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A chegada das caravelas portuguesas em solo brasileiro; a conquista do interior do País pelos bandeirantes; a exploração do ouro e a resistência indígena à escravidão; o surgimento das vilas e o movimento libertário da Inconfidência Mineira. Esses são alguns dos momentos históricos retratados nos azulejos que formam o mural “Da descoberta do Brasil ao Ciclo Mineiro do Café”, da artista plástica Yara Tupynambá, reaberto ao público em solenidade na noite desta terça-feira (16/10/12), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O evento marca o fim de um processo de restauração e transposição do mural para a Galeria de Arte do Espaço Político-Cultural Gustavo Capanema da ALMG e consolida a acessibilidade à uma obra que resgata a memória cultural do povo mineiro. A transposição faz parte do projeto Memória do Legislativo Mineiro, que integra o Direcionamento Estratégico Assembleia 2020.
“O mural fala por mim. Mais do que a minha memória, é a memória de Minas que fica”, considerou Yara Tupynambá em seu discurso, no qual expressou sua alegria e gratidão por ver sua obra novamente exposta para a sociedade. Para a artista, a forma pela qual a história de Minas foi contata em seu mural, através de imagens, assegura a sua melhor percepção e entendimento pelo público.
Já o presidente da Assembleia, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), ressaltou o caráter desafiador do processo de transposição do mural, que, segundo ele, exigiu perícia, técnica e também paixão de todos os envolvidos. O presidente da Assembleia ainda destacou a grandeza de Yara Tupynambá como artista, bem como o significado de sua obra para o Estado e para suas gerações futuras. “Minas está mais feliz e mais comprometida com sua história”, comemorou.
Ao fim da cerimônia, Yara Tupynambá autografou catálogos que contam em detalhes todo o processo de transposição da obra. Além disso, também foi inaugurada uma placa comemorativa da transposição.
História - Criada em 1973, a obra, que é tombada pelo Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, era composta de dois painéis, que compunham o espaço onde funcionava o restaurante da ALMG, no 2° andar do Palácio da Inconfidência. Em 1996, o restaurante foi desativado e transformado em gabinetes parlamentares. O mural, que após a transposição foi consolidado em uma única sequência, é constituído de 872 azulejos e tem 17 metros de comprimento e 2,48 metros de altura. A pintura da obra é feita nas cores amarela e azul, que remetem ao colorido tradicional da azulejaria portuguesa.
Inédito no Estado, trabalho de transposição foi detalhista e especializado
O trabalho interdisciplinar de transposição da obra envolveu professores, conservadores, técnicos, cientistas e alunos de graduação da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que coordenou todo o processo, inédito no Estado. O trabalho, que se estendeu de novembro de 2011 a setembro de 2012, também contou com a participação de especialistas trazidos do Recife (PE), com experiência em obras azulejares.
A primeira fase da transposição incluiu a realização de estudos preliminares sobre os materiais, envolvendo a caracterização dos azulejos e a documentação detalhada do seu estado de conservação; e a verificação da situação das paredes de suporte dos painéis. Foi utilizado um radar de alta precisão, identificando com imagens digitais a presença de estruturas que pudessem ser obstáculos à remoção dos azulejos. A equipe fez ainda pesquisas sobre a técnica e o estilo adotados pela artista Yara Tupynambá.
Em abril de 2012, teve início a fase de desmontagem dos painéis de seus locais originais, com a devida identificação e proteção dos azulejos. Em um segundo momento, as peças passaram por um processo de limpeza, para remoção de restos de argamassa e higienização, com a subsequente colagem das peças quebradas, recomposição do corpo cerâmico e o assentamento dos azulejos em um suporte de alumínio, que foi afixado na parede da Galeria de Arte. Esse novo suporte é seguro e permite mobilidade, caso haja esse tipo de demanda no futuro. O trabalho foi executado em aproximadamente dez meses e custou cerca de R$ 415 mil.
A transposição teve ainda o acompanhamento e orientação técnica do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e a aprovação da Fundação Municipal de Cultura e do Instituto Yara Tupynambá.
Na solenidade desta terça-feira, além do presidente Dinis Pinheiro, também estiveram presentes deputados, diretores e gerentes da Assembleia, além de dirigentes e técnicos dos parceiros da transposição.
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