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Consultor internacional para mudanças climáticas, energia e negociações multilaterais Belo Horizonte (Brasil) / Viena (Áustria), o engenheiro Milton Nogueira da Silva participou da fundação do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI) e da formulação do Pro-Álcool. Ele esteve em uma das reuniões preparatórias para o evento Mobilidade Urbana - Construindo Cidades Inteligentes, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Na Organização das Nações Unidas (ONU) em Viena desde 1984, Milton promoveu o desenvolvimento industrial e de meio ambiente em diversos países. Após se aposentar, em 2001, voltou para Belo Horizonte, onde é secretário-executivo do Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas e presidente do Conselho Fiscal da Rede Minas.
É voluntário de várias entidades, inclusive do Movimento Nossa BH. Autor de três livros sobre mudanças climáticas, como o “Água e mudanças climáticas: Tecnologias sociais e ação comunitária” (Cedefes/Fundação Banco do Brasil, 2012). Nesta entrevista, ele relaciona o conceito de cidade inteligente com a democracia.
Como o senhor define cidade inteligente? De que modo o uso da tecnologia ajuda a promover a democracia?
Cidade inteligente, chamada smart city em inglês, faz intenso uso das Tecnologias da Informação (TI) para o bem-estar das pessoas e para a democracia. A vida das pessoas depende de coisas básicas que podem ser melhoradas com as TIs: mobilidade urbana rápida, confortável e segura; meio ambiente saudável, bonito e em sintonia com a natureza; menos emissões de poluentes; economia frugal, sem consumismo ou desperdícios, com menos resíduos; governança democrática, em favor dos vários setores, galeras, tribos e épocas; e, o mais importante, pessoas capazes de exercer efetivamente a cidadania, através do controle social e democrático da coisa pública. Em todas essas funções o uso de TI pode alavancar boas soluções para o cidadão, tanto para seu conforto quanto para a vida em comum, por exemplo, o acesso à cultura e à educação e a uma vida sã. Esses eixos se referem ao tradicional desenvolvimento regional e urbano, porém com mais acuidade.
Na reunião preparatória na ALMG, o senhor afirmou que esperava ver um momento de revolução na mobilidade urbana. É possível fazer uma revolução urbana em Belo Horizonte a partir do tema mobilidade urbana? Como isso seria feito?
É possível uma revolução na mobilidade se a cidade diminuir o desperdício no uso do automóvel; aumentar o acesso a TI para substituir idas e vindas a lugares; e planejar e construir em prazo curto inúmeras linhas de metrô e de ônibus.
O que é preciso para que as cidades se tornem inteligentes?
O principal seria expandir o uso de Tecnologias da Informação em favor da cidadania e da democracia. Ter menos foco em expandir mercados de celulares, carros, consumo. Melhorar o acesso de todos os cidadãos à cultura, aos direitos, à educação, à saúde e ao espaço público.
Uma das principais mudanças para resolver o problema é de ordem comportamental. Que tipo de ações o poder público pode tomar para estimular transformações dessa ordem (por exemplo, andar menos de carro, adotar mais as bicicletas)? Quais as principais ações com vistas a implementar um programa de mobilidade urbana sustentável em uma cidade como a Capital mineira?
Da parte do poder público, é necessário conhecer as agruras da população na atual mobilidade e, em seguida, melhorar/mudar/substituir cada problema, sempre em consulta com as pessoas. E muita campanha de divulgação de conceitos. Da parte do cidadão, seria melhor entender que o transporte coletivo também tem status e é mais econômico para todos. Se parece utopia é porque é utopia, só que muito melhor que as manias de individualismo, busca quimérica do consumo material e da vida estressada.
A próxima matéria da série sobre a mobilidade urbana será publicada na quinta-feira (18).
Conceitos, expressões e termos usados com frequência